Carros elétricos: porque as montadoras estão investindo tanto?
30/12/2021
EM Informação
A paixão por dirigir movimenta a indústria automobilística todos os dias para a busca de melhorias, soluções e novidades para agradar a todos os gostos.
Ultimamente, as marcas estão investindo cifras que chegam a bilhões para trazer os carros elétricos a níveis de comercialização cada vez mais acessíveis.
Veja aqui os benefícios, vantagens dos carros elétricos, porque as montadoras estão investindo tanto e quais os desafios para o Brasil assumir os carros elétricos.
Funcionamento dos carros elétricos
Em termos de funcionamento, é importante ressaltar que a tecnologia dos carros elétricos conta com a complexidade de um sistema de transmissão por cabos de energia, bateria, componentes de recarga, tomada, entre outros elementos.
Um dos pontos de maior investimento por parte das marcas, atualmente, é a otimização das baterias, já que elas representam um desafio em termos de fabricação.
Dentre os desafios, podemos destacar que as baterias são muito pesadas, têm alto custo e a vida útil é um fator de preocupação, especialmente pela questão do descarte e reciclagem que é um processo difícil para este tipo de material, preocupação comum a qualquer produto que requeira o uso de baterias.
Além disso, é necessária a disponibilidade de postos de recarga, algo que exige intervenções estruturais, trazendo a necessidade de políticas governamentais para influenciar no processo, como, por exemplo, por meio de incentivos fiscais.
Benefícios e vantagens dos carros elétricos
Os requisitos mais destacados como benefícios e vantagens são:
Redução da poluição
Tanto a sonora, quanto a provocada pela emissão de CO2. Os carros elétricos são silenciosos e não emitem fumaça durante o funcionamento.
Maior desempenho
Como resultado do chamado torque instantâneo ou torque zero, ou seja, desde a primeira pisada no acelerador, é possível obter maior nível de potência, trazendo mais segurança e facilidade nas manobras.
Menos desgaste das peças
A exemplo das pastilhas de freio que não necessitam ser acionadas com a mesma frequência do carro a combustão, pelo fato de atuarem em conjunto com o acelerador, ao tirar o pé do acelerador o carro já começa a reduzir a velocidade com maior precisão.
Maior aproveitamento do espaço
Por uma questão estratégica, as baterias geralmente estão posicionadas na parte baixa e central do carro, liberando, dessa forma, mais espaço no porta-malas.
Gastos reduzidos com revisão e manutenção
Ao ter menos itens, o processo de revisão é facilitado e em relação à manutenção, vale o mesmo. Por ser elétrico, não há troca de correias, óleo, água, entre outros.
Gastos com combustíveis
Os carros 100% elétricos são recarregados por corrente elétrica, painel solar e outras fontes que dispensam a necessidade de gastos com gasolina, reduzindo assim, o custo por quilômetro rodado.
Redução no valor do IPVA
Há estados que reduzem ou isentam o valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros elétricos emplacados, como São Paulo e Paraná.
Porque as montadoras querem investir?
Sem dúvida, a questão ambiental é algo que deve ser pensado por todos os processos industriais.
A pressão é agravada por políticas governamentais globais, destinadas a reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa.
A emissão de Dióxido de Carbono (CO2), ponto de tensão na fabricação das baterias dos carros elétricos, é proveniente do processo de combustão ou queima de combustíveis fósseis. Dentre eles estão o gás natural, o carvão mineral e o petróleo.
Desde a perspectiva da indústria automobilística, esta é responsável por parte significativa das emissões não somente no processo de produção, mas também pelo uso dos destinatários finais.
Os calendários europeu e californiano preveem a proibição das vendas de modelos zero-quilômetros equipados com motores a combustão até 2035. No Reino Unido, o prazo para a eletrificação completa das novas gamas é ainda mais curto, 2030.
O futuro vai mostrar quais empresas conseguirão sobreviver e quais irão sucumbir a este novo limiar.
Os investidores estão apostando que as empresas irão gerar enormes lucros com seus elétricos, enquanto as gigantes automotivas, mesmo com toda a sua experiência técnica e poder, vão fracassar em massa.
Por isso a urgência em pesquisas e investimentos para eliminar essa problemática no processo de fabricação dos carros elétricos, já que no uso final a emissão de CO2 é praticamente extinta.
O que falta para os carros elétricos chegarem com tudo no Brasil?
Muito embora o mercado de carros elétricos tenha crescido com algum destaque no Brasil, ainda falta muito para que esse tipo de automóvel realmente se popularize por aqui.
Separamos abaixo alguns motivos que podem explicar, além do que já citamos ao longo do texto.
Infraestrutura
Enganam-se aqueles que acham que o problema dos carros elétricos é a autonomia.
Já existem modelos à venda no Brasil que podem circular mais de 300 quilômetros com uma só carga e outros que ultrapassam os 400 quilômetros.
O que torna o alcance dos veículos elétricos "ruim", indiretamente, é a falta de investimento em infraestrutura.
Cidades como São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro já contam com uma boa oferta de eletropostos e pontos de carregamento, mas todos em locais privados — muito embora com uso gratuito.
Capitais pelo mundo, como Roma e Londres, por sua vez, contam com diversos carregadores rápidos nas ruas e isso facilita bastante para quem quer ter um carro elétrico.
No Brasil, empresas como a Nissan são algumas das que mais investem em pontos de carregamento para carros elétricos.
Com uma maior união e troca de ideias entre as autoridades e essas companhias, as cidades brasileiras poderiam ter um avanço significativo neste departamento, principalmente se considerarmos que nossa matriz energética é uma das mais limpas e sustentáveis do mundo.
Preço dos carros
O preço dos carros elétricos não é um problema apenas do mercado brasileiro. Por serem relativamente novos e contarem com muita tecnologia embarcada, esses automóveis ainda custam mais do que a média dos modelos a combustão.
Na Europa, as montadoras têm conseguido diminuir um pouco o custo de produção e repassar esse desconto aos clientes, mas ainda falta muito.
De modo geral, o que pode ajudar a diminuir os preços dos carros elétricos é o corte nos gastos para produzi-los.
Uma solução seria trazer a fabricação desses modelos para cá, o que demandaria, em um primeiro momento, um enorme investimento em fábricas e mão de obra.
Outra solução é contar com apoio governamental por meio de incentivos fiscais às empresas, de modo a conseguir um ambiente de negócios mais fértil, como já citamos no início deste conteúdo.
Desinformação
Assim como em vários outros setores da sociedade, a desinformação pode ser um grande problema.
No caso dos carros elétricos, isso pode ser elevado a níveis gigantescos. Por ser de difícil acesso à maioria da população, é comum ver pessoas considerarem esses automóveis piores do que os modelos a combustão por fatores como autonomia, espaço, design, comportamento e muitos outros.
Divulgação
Por mais que as empresas que atualmente vendem carros elétricos no Brasil façam um bom trabalho, ainda é preciso disseminar mais a cultura dos veículos 100% elétricos.
As barreiras naturais como preço e infraestrutura são verdadeiras e presentes, mas as montadoras podem, e devem, ser mais criativas para trabalhar com esses produtos, principalmente se considerarmos a boa capilaridade das concessionárias.
Um exemplo recente foi a Nissan, que expandiu seu número de concessionárias prontas para vender e fazer a manutenção do Leaf para 44 lojas em 15 estados do Brasil.
Agora essa rede começa a ser preparada para ter o atendimento completo, com vendas e serviço de oficina, ou atuar como ponto de vendas.
Todas terão treinamentos específicos para atender aos clientes de carros elétricos, feitas as adaptações necessárias em suas infraestruturas e recebidas as ferramentas e equipamentos para garantir a manutenção seguindo o padrão global da montadora.
O caminho natural é a eletrificação
Com diversas montadoras avisando que deixarão de desenvolver carros a combustão, fica claro que o caminho do setor automotivo deve mesmo ser o da completa eletrificação.
Muito embora cada mercado tenha a sua peculiaridade, a notável eficiência energética e avanços tecnológicos tornam o ambiente para essa popularização mais fértil e consistente, do ponto de vista mercadológico.
O Brasil é um país de proporções continentais e é injusto comparar com o poderio financeiro e estrutural da Europa, muito mais avançado sobretudo no âmbito cultural.
Mas, temos uma matriz energética mais limpa e um potencial ainda inexplorado, principalmente quando falamos de energia solar e eólica. Para explorar todo esse potencial, porém, precisamos de mais investimentos e estímulos das autoridades.
Mesmo assim, o futuro por aqui é promissor. Segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a expectativa é de que até o início de 2022 o país chegue à marca de 28 mil carros elétricos vendidos.