Gás natural veicular: quando a opção vale a pena?
13/01/2022
EM Dicas
O combustível derivado de petróleo foi muito popular há alguns anos no Brasil, mas acabou caindo em desuso em muitas partes do país, embora seu consumo seja muito alto no Rio de Janeiro e em alguns estados do Nordeste.
Como alternativa à gasolina e ao diesel, o GNV está, novamente, ganhando mais importância no cenário automotivo.
Mas, será que vale a pena ter um carro com GNV?
Isso vai depender de alguns fatores, o que inclui também a região onde se mora. Desde benefícios fiscais e descontos tributários até a própria tecnologia de injeção de gás no propulsor podem ter custos que influenciarão de forma positiva ou negativa.
O preço do m3 do gás natural nas bombas também é outro fator importante para responder essa pergunta.
Mas calma, vamos explicar tudo. Vamos lá?
Incentivos e preços
Antes de começar a pensar em um carro movido por GNV, é preciso ter em mente se a região onde mora possui abastecimento de gás natural.
Apesar de boa parte do país ser servido por postos de GNV, nem todos os locais possuem infraestrutura adequada para tal.
Isso pode significar problemas, pois até algumas cidades de porte médio não possuem sequer uma bomba de gás, como é o caso do Guarujá, localizada no litoral paulista e com mais de 311 mil habitantes.
Partindo desse ponto, se sua região for servida por postos de GNV, a conversão começa a ficar interessante. Afinal, se os reservatórios acabarem, existe a opção de reabastecimento perto de casa.
Em alguns estados, existem incentivos para carros abastecidos com gás, como no Rio de Janeiro, onde o IPVA é de 1,5% do valor do carro. Há pelo menos dois anos, ainda era de apenas 1%. Um carro flex recolhe 4%.
Com o incentivo, vale a pena para muita gente ter um carro a gás.
GNV vale a pena?
Custo por km
Outro ponto importante para se avaliar se vale a pena ou não usar o GNV é o custo por km e a autonomia com o uso do gás natural.
Mas como calcular? Para não termos um nó na cabeça diante de cálculos intermináveis, algumas empresas do setor de gás possuem sites com simuladores de custo para o uso de GNV em comparação com a gasolina, por exemplo.
Utilizamos o simulador da Gasmig para calcular o custo mensal de 3.000km rodados. O cálculo é feito com base no valor da gasolina, atualmente em R$6,89, e o m3 de gás natural a R$4,39.
O sistema trouxe uma média de 10 km/litro de gasolina como consumo e 13 km/m³, no caso do GNV.
O custo mensal ficou em R$1.931,78 na gasolina e R$997,73 no GNV. Assim, o GNV é bem mais em conta, por trazer uma economia de 48%.
O consumo de GNV em um carro vai depender muito do tipo de motor e do dispositivo instalado no veículo.
Impacto do Kit Gás
A vantagem de se ter um carro com GNV vem também do custo de instalação de um kit gás.
Para quem precisa estar sempre atrás do volante, como taxistas, frotistas, motoristas de aplicativo e pessoas que moram muito longe de seus trabalhos, a vantagem é gastar menos diariamente e obter um ganho ao final do ano.
A previsão de economia anual usando GNV, de acordo com a simulação feita, é de R$11.208,58, e R$934,05 mensal. Um dinheiro que pode ser utilizado para outros investimentos.
Mas é claro, isso vai variar de acordo com preço do GNV e dos demais combustíveis, possíveis incentivos locais e a manutenção da quilometragem mensal.
Instalação
Se a quantidade de km percorridos mensalmente for grande o suficiente para compensar a instalação de um kit gás, que pode custar em média de R$3.000,00 a R$9.000,00, ou se mora em um estado onde o IPVA é reduzido para GNV, assim como outros tributos locais, então o melhor é buscar a instalação do equipamento em uma oficina credenciada pelo Inmetro.
Apesar do peso maior e do custo de instalação, para quem roda em torno de 36.000km por ano e/ou mora em estados com benefícios fiscais, compensa.
Nesses estabelecimentos, o instituto nacional verifica desde a execução do serviço até a qualidade dos materiais, dando, assim, mais garantia de segurança para o consumidor.
Um kit gás de quinta geração já dispõe de gerenciamento eletrônico e evita ajustes mecânicos, gerando, assim, economia e melhor desempenho.
Mas, lembre-se: com o GNV, a performance do motor cai naturalmente, por isso motores 1.0 aspirados não são recomendáveis.
Vantagens de se usar GNV
Menos gastos e menor consumo de combustível. Esta é a principal vantagem do GNV frente à gasolina, ao etanol e ao diesel, como já citamos.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Gás Canalizado (Abegás), o gás natural veicular é cerca de 43% a 58% mais econômico que a gasolina e de 44% a 66% mais eficiente que o etanol.
Ou seja, você irá economizar dinheiro e visitar menos o posto de combustível!
Outro ponto é que o GNV é menos poluente. Em comparação com os combustíveis líquidos, o GNV polui menos o meio ambiente, pois emite cerca de 20% menos dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em relação a gasolina, e 15% em comparação com o etanol.
Para o carro, o benefício está no sistema de injeção, que fica sempre mais limpo, pois o gás não deixa acumular resíduos nos bicos injetores, como ocorre em modelos convencionais.
Além disso, o óleo dura mais. O GNV é um combustível mais limpo que os combustíveis líquidos. Ele não se mistura e não contamina o óleo lubrificante do motor, aumentando a vida útil do líquido.
Há, também, baixa formação de resíduos da combustão, o que também deixa o óleo mais limpo.
Sendo assim, o óleo lubrificante do motor do carro movido a GNV pode ser trocado num intervalo maior, sem que haja problemas com a integridade dos componentes internos do conjunto mecânico.
Há, ainda, o aumento da vida útil do escapamento. Já que não há acúmulo de água proveniente da gasolina e do álcool, o sistema pode durar até 20% mais tempo em comparação com o conjunto abastecido com combustível líquido.
Instalar GNV faz perder a garantia do veículo?
Não há como negar que a instalação de GNV é uma adaptação, pois, com exceção de alguns modelos específicos, os veículos não saem de fábrica configurados para rodar com o gás como combustível.
Em geral, não há a perda da garantia total do veículo, mas sim de componentes que tenham sofrido modificação. Por exemplo, são feitos pequenos furos no coletor (no caso de 5ª geração), que perde a garantia. O mesmo acontece com o porta-malas, onde o cilindro é fixado.
Na verdade, tudo vai depender de alguns fatores, sendo a qualidade da execução da instalação o principal deles. Uma conversão mal feita, que tenha provocado avarias no veículo, certamente vai pesar contra o proprietário.
Cortes inadequados de fiação, danos ao chicote e intervenções incorretas vão prejudicar o motorista caso seja necessário recorrer à assistência da concessionária.
Um trabalho visivelmente mal feito certamente vai impactar na impressão da concessionária ao avaliar o veículo, gerando a resistência da equipe em realizar qualquer serviço que estaria coberto pela garantia no carro.
Então, o motorista que deseja aproveitar a economia que o GNV proporciona e manter a garantia de componentes de seu veículo junto à concessionária, deve redobrar a atenção ao escolher a oficina convertedora.
O primeiro cuidado é buscar um estabelecimento homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), órgão responsável por verificar a capacitação dos convertedores.
Verificar se a instaladora conta com boa reputação no mercado e equipe técnica especializada para prestar o serviço também é essencial.
Outra dica é: ao retirar o veículo novo da loja, rode com ele por algum tempo antes de levá-lo para a instalação de GNV. Isso porque pode ser observada alguma falha na própria fabricação que demande a troca de componentes ou ajustes.
Se o motorista puder esperar, vale aguardar que seja feita a primeira revisão antes da instalação do gás.